Quando o Senhor Jesus Se despediu dos Apóstolos, mandou-lhes que assumissem uma obrigação: “Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a todas as nações, baptizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo quanto vos mandei. E Eu ficarei convosco até à consumação dos séculos”.
Desde então, logo após o Pentecostes iniciou-se a pregação apostólica, activa até aos nossos dias, e a prolongar-se na história até ao fim do mundo.
Naturalmente, à medida que o Reino de Deus se alargava, necessário era prosseguir o mandato do Mestre e, conforme se ia apagando a vida dos primeiros enviados, deveriam comunicar a alguém os poderes salvíficos recebidos do Redentor dos homens.
E a memória aí ficou nos livros santos: “Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os destinei” – disse-lhes o Espírito Santo.”Depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e despediram-nos”.
Começam os sucessores dos Apóstolos a caminhar pelo mundo além, como diz o texto: “Eles, pois, enviados pelo Espírito Santo, foram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Quando chegaram a Salamina pregaram a Palavra de Deus...”
A vida da Igreja continua no mesmo ritmo e idênticos moldes, pois S. Paulo fala ao discípulo Timóteo: “Não descuides o dom espiritual que há em ti, que te foi dado em virtude de uma profecia, pela imposição das mãos dos anciãos”; e em outra carta o avisa: “Exorto-te a que reavivas a graça de Deus que está em ti pela imposição das minhas mãos”.
Por outro, lado tanto a este discípulo como a Tito, transmite-lhes as normas próprias para se escolherem os anciãos e os diáconos que haverão de pastorear as comunidades cristãs.
Ficou na lembrança até hoje o rito da imposição das mãos a significar a transmissão das graças do Espírito Santo que transformavam o íntimo dos cristãos, tornando-os em dirigentes da Igreja de Deus. Não ficou escrita a oração consecratória cujo texto mais antigo encontramos no documento de S. Hipólito chamado ‘Traditio apostolica’ do princípio do século III, pedindo a Deus o espírito da graça e do conselho que ajude os presbíteros a governar o povo de Deus.
Ao rito de transmitir a outrem a missão confiada pelo Senhor aos Apóstolos chama-se ordem assim definida pelo Catecismo da Igreja Católica: “A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos; é portanto o sacramento do ministério apostólico”.
Pela alta Idade Média, foram-se precisando as fórmulas e os gestos através dos quais se ordenavam os ministros das comunidades, nos seus diferentes graus de bispos, presbíteros e diáconos, que se foram aperfeiçoando até aos nossos dias.
Hoje, no rito latino, o essencial será a imposição das mãos e a oração proferida pelo bispo que, no caso da ordenação dos padres, é: “Nós Vos pedimos, Pai todo-poderoso, constituí estes vossos servos na dignidade de presbíteros, renovai em seus corações o Espírito de santidade; obtenham, ó Deus, o segundo grau da Ordem sacerdotal que de Vós procede, e a sua vida seja exemplo para todos”.
A fim de enquadrar e melhor traduzir este sacramento, o rito próprio desenvolve-se em várias partes, explicitando tanto para os ordenandos como para os fiéis as suas funções e deveres.
Ainda antes da homilia, faz-se a eleição dos que recebem as sagradas ordens. Depois de se aproximarem do Presidente Ordenante, são apresentados e este averigua acerca da sua dignidade e honradez referentes aos cargos a assumir. Uma vez aceites os candidatos, o povo aplaude com o seu “Graças a Deus”.
Terminada a explanação episcopal acerca das verdades e deveres próprios deste sacramento, seguem-se as promessas dos eleitos, nas quais manifestarão os seus propósitos de se entregarem ao anúncio da Palavra, à celebração dos sacramentos mormente da Eucaristia e da Reconciliação dos pecadores, à prece pelos cristãos e pelo mundo, ao cuidado de crescer na santidade pessoal. E, por fim, prometerão obediência ao respectivo bispo.
Invocado o patrocínio de todos os Santos, com a oração das ladainhas, uma vez impostas as mãos pelo Ordenante, os padres impõem também as mãos a significarem o seu agrado de receberam no presbitério novos membros. É então a oração que consagra os eleitos na Ordem dos presbíteros, logo seguida pela imposição dos paramentos sacerdotais: a estola e a casula, pela unção das mãos com o óleo do crisma e a entrega do pão e do vinho com a recomendação: “Recebe a oferenda do povo santo para a apresentares a Deus. Toma consciência do que virás a fazer; imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da morte do Senhor”.
Dado o abraço da paz em sinal de unidade comum, prossegue a celebração da divina Eucaristia, concelebrada já pelos recém-ordenados, conforme o costume.
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