segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Homilia

A nossa Diocese teve ontem na Sé Catedral a grande celebração do Ano Paulino. Foi com uma grande alegria que Bispo, Presbíteros e Diáconos bem como um número razoável de fiéis celebrou na Igreja Mãe da Diocese revestida com um manto branco de neve.
Na qual D. Manuel Felício fez a seguinte homilia, dividida em três partes:


1. Celebramos a Festa da conversão de S. Paulo dentro do ano Paulino proclamado ano Jubilar pelo Papa Bento XVI para comemorarmos dignamente e bimilenário do nascimento do mesmo S. Paulo.
Reunimo-nos, por isso, na nossa Sé Catedral também numa celebração Jubilar, abrindo o coração à Graça de Deus, para que nos transforme e nos converta como converteu a Pessoa de Paulo de perseguidor da Igreja e dos Cristãos se tornou no Apóstolo por excelência enviado por Cristo ao meio do mundo para anunciar a Boa Nova sobretudo aos gentios, aos mais afastados.
Convidámos toda a Diocese a fazer deste dia um dia Jubilar oferecendo também àqueles que não puderam deslocar-se hoje à Sé Catedral a possibilidade de lucrarem a indulgência plenária, participando na assembleia do Domingo, nas suas comunidades paroquiais e cumprindo os requisitos para tal exigidos. Entre ele está o sacramento da Confissão, com sincero arrependimento de todas os pecados, a comunhão e a oração pelas intenções do Santo Padre.

2. E porque hoje celebramos a Festa da Conversão de S. Paulo é sobre o acontecimento dessa Conversão que queremos, em primeiro lugar, todos nos concentrar.
Nascido na cidade de Tarso, na região da Cilicia, (Turquia) Saulo, assim se chamava, começou por ser um Judeu muito zeloso do cumprimento da lei, e das tradições do seu Povo. Ao aperceber-se da importância do movimento da Fé Cristã desencadeada por Jesus Cristo e agora alimentada pela autoridade dos apóstolos e das muitas comunidades Cristãs que o seguiam constantemente, Saulo, em nome da rectidão e do entusiasmo que prendiam toda a sua vida colocou-se à frente do movimento judaico que pretendeu travar o crescimento da fé cristã, não só em terras da Palestina, mas no mundo global do Império Romano, sobretudo onde existiam colónias Judaicas. Desta vez pediu cartas às autoridades religiosas de Jerusalém que o autorizam a perseguir os Cristãos e as comunidades cristãs de Damasco e para ai se dirigirem com a sua comitiva. É precisamente no caminho de Damasco que se dá a grande revolução na sua vida.

Em primeiro lugar aparece uma grande luz, mais brilhante que a luz do Sol. É uma luz que o ilumina e faz parar. Caiu abaixo do cavalo como diz a tradição.
Em segundo lugar faz-se ouvir uma voz que o interpela – Saulo, Saulo porque me persegues. E o nosso apostolo começou a perceber a profunda identificação de Cristo com os seus discípulos.
Em terceiro lugar gera-se nele uma cegueira que o impede de ver as coisas deste mundo através da luz natural e da capacidade de ver também natural. E esta é uma cegueira que, por lado, cria condições para que Saulo entre numa atitude de oração e, por outro serve para por em evidência a nova luz que, pelo Baptismo recebido através de Ananias, o Espírito Santo passe a fazer brilhar em toda a sua existência.

É este Paulo transfigurado pela luz de Cristo e motivado pela força do Espírito que nós encontramos, a partir de agora. Anuncia aos Judeus a novidade de Jesus Cristo Salvador, percorrendo a rota das colónias Judaicas através do Império e sobretudo avança corajosamente para o mundo pagão, abrindo a todos a portas de Cristo e do seu Evangelho. Paulo fica assim a ser conhecido pelo Apostolo dos gentios, os quais passam a poder ser discípulos de Cristo sem a obrigação de também serem Judeus.
Paulo fica verdadeiramente seduzido pela novidade de Cristo e do seu Evangelho; e a partir desta novidade compreende e faz compreender a liberdade também nova dos discípulos de Cristo aos gentios só é pedida uma coisa: abrirem o seu coração à graça de Cristo e deixarem-se conduzir por Ele. Aqui radica a compreensão Paulina da Moral do seguimento de Cristo. De facto para S. Paulo a moral Cristã não obriga a obedecer a uma código de leis, mas sim à identificação com Cristo e como seu estado de vida. As leis ou melhor o código das leis só interessam e podem servir a vontade de Cristo e os caminhos que levam à plena configuração com Ele.
O Evangelho de hoje convida-nos a lembrar o essencial da mensagem Cristã – acolhimento do Reino de Deus e atitude de conversão; coloca diante de nós o chamamento dos primeiros apóstolos, no número dos quais Paulo havia de entrar mais tarde.
Diante da profunda paixão pela pessoa de Jesus Cristo e seu estilo de Vida, Paulo considerou tudo o resto como muito secundário e mesmo sem interesse. É nesse quadro desta comparação que havemos de procurar entender a precariedade e o carácter passageiro de todo o mundo presente em que o mesmo Paulo, insiste na segunda leitura.


3. O Santo Padre Bento XVI convida-nos a caminhar um ano com S. Paulo, para celebrar condignamente o bimilenário do seu nascimento. Com esta caminhada, pretendemos, com a ajuda de São Paulo renovar a nossa Fé pessoal e motivador dinamismo evangelizador e missionário de todos nós e das nossas comunidades Cristãs.
Toda esta renovação que pretendemos e que a presente celebração Jubilar deseja motivar, de modo especial em cada um de nós, tem de começar, como começou para São Paulo, no encontro vivo e vital com Cristo, simbolizado naquela luz fulgurante que, no caminho de Damasco, fez parar S. Paulo para começar de novo toda a sua vida. Aqui está para Paulo a raiz e ponto de partida da sua conversão e da vida nova que se lhe se lhe seguiu. Também para nós e para as nossas comunidades Cristãs há-de ser o encontro vivo com Cristo a determinar a nossa necessária conversão e os caminhos novos de fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho que se seguiram.
No meio do clarão luminoso que envolveu toda a sua pessoa e que foi presenciado também pelos que o acompanhavam, Paulo ouviu a voz de Cristo convidando-o a reconhecer nos Cristãos a sua pessoa. E ele percebeu, a partir deste momento que os Cristãos são o mesmo Cristo continuado na história e a Igreja o seu corpo misterioso.
O episódio da Conversão de S. Paulo, deixo-o cego durante algum tempo, certamente para durante o tempo da paragem que esta cegueira lhe impunha ele pudesse como, de facto aconteceu, abrir-se à nova luz de Deus e de Cristo Ressuscitado que fez dele apóstolo das gentes.

Hoje nesta celebração Jubilar queremos pedir ao Senhor, através de S. Paulo, primeiro que nos ajude a todos nós e às nossas comunidades Cristãs a fazer o encontro vivo e vital com Cristo, que modificou radicalmente a vida do mesmo Paulo.
Queremos pedir também para nós e toda a nossa comunidade de Fé o entusiasmo apostólico S. Paulo, que abriu as portas do Evangelho a novos mundos, sobretudo aqueles se encontravam mais apostados como eram os pagãos e os gentios.
Queremos finalmente pedir-lhe que sejamos todos nós e nossas comunidades capazes de criar os tempos de pausa, de silêncio, de oração e de procura em comum dos novos caminhos do apostolado e Evangelização que Paulo também teve durante o tempo da sua cegueira física. Todos para S. Paulo foram tempos fecundos, como se vê pela novidade da sua acção apostólica e missionária. Que o Senhor nos converta e nos ajude a descobrir e percorrer com coragem os caminhos da missão apostólica que como seus discípulos recebemos de Cristo no dia do nosso Baptismo.

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