O Seminário, comunidade de discípulos de Cristo a caminho do Sacerdócio Ministerial
Em carta recentemente dirigida aos seminaristas de todo o mundo, o Papa Bento XVI contava a seguinte experiência pessoal. Em Dezembro de 1944 foi chamado para o serviço militar, na Alemanha, quando a II Guerra Mundial se encaminhava para o seu termo. O Comandante da sua Companhia resolveu perguntar aos que foram chamados para esta incorporação o que pretendiam fazer no futuro. Joseph Ratzinger disse que queria ser sacerdote católico. Resposta pronta do chefe militar: tens de procurar outra coisa qualquer, pois na Nova Alemanha já não há necessidade de padres.
A profecia não se cumpriu.
Esta “Nova Alemanha” duraria apenas mais uns escassos meses e a necessidade do Sacerdócio Católico, num mundo e numa Europa que se desejam novos, está, de facto, a crescer.
Isto acontece, apesar da tentativa constantemente renovada de prescindir dos valores que a Igreja e o Sacerdócio Católico se propõem apresentar e que são decisivos para a autêntica humanização da nossa sociedade. De facto, são muitos os que continuam a pensar e a dizer e até mesmo a propor modelos educativos que marginalizam a Igreja e com ela os valores que ela não desiste de viver e colocar no palco da vida social.
Para cumprir esta sua missão a Igreja precisa de padres.
Os padres são aqueles a quem Deus confia a primeira responsabilidade pela organização da vida da Igreja e das suas distintas comunidades de Fé. Mas mais do que organizadores e gestores, os padres são chamados a viver e a testemunhar a verdade que Deus quer dar a conhecer aos homens e o amor sem restrição que lhes dedica.
Ora, os modelos culturais e as propostas de vida que hoje são dominantes no nosso mundo nem sempre ajudam os nossos jovens a despertar para a beleza e a importância decisiva deste serviço à Igreja e por ela à sociedade enquanto tal. Uma cultura essencialmente marcada pela cedência ao materialismo e ao pragmatismo; uma cultura mais voltada para o sentimento, o estímulo da sensibilidade e a valorização do efémero do que para os valores perenes não ajuda a que as camadas mais jovens se concentrem no que é essencial e nos valores humanos de sempre. Mais ainda, quando se quer fazer passar a mensagem de que o centro e o critério único de todas as decisões estão só no indivíduo e na satisfação dos seus interesses e ele é que é a única medida das decisões que deve tomar, entra-se por caminhos de relativismo que não ajudam a construir personalidades fortes capazes de sacrificar tudo por ideais superiores.
É por isso que hoje a pastoral vocacional e sobretudo a proposta do caminho do Sacerdócio Ministerial às camadas jovens exige o apontar de modelos de vida que temos de considerar uma autêntica contra-cultura.
Não queremos nem podemos esquecer que os jovens aos quais dirigimos o convite para entrarem no Seminário e futuramente no exercício do Ministério Sacerdotal são jovens deste tempo em que vivemos, sujeitos às mesmas solicitações dos outros jovens e também com muitas debilidades e tentações comuns aos outros.
Mais ainda, ao ser-lhes proposto o caminho do Sacerdócio Ministerial também não lhes podemos apresentar só bons exemplos da parte daqueles que já somos sacerdotes ordenados. Há limitações e mesmo erros efectivamente cometidos por nós que já estamos no exercício do Ministério Sacerdotal, que não escondemos àqueles que se propõem seguir o mesmo caminho de serviço à Igreja e por ela à comunidade humana em geral.
A própria Igreja considera-se a si mesma, ao mesmo tempo, santa e pecadora, desde os tempos mais primitivos da sua existência.
É neste quadro da vida da Igreja e da nossa sociedade actual que, ao vivermos mais uma Semana dos Seminários em Portugal, desejamos dizer aos jovens da nossa sociedade que este é um caminho que vale a pena ser percorrido e, por isso, é bom que ele seja colocado entre as hipóteses de escolha àqueles que se encontram agora na fase de tomar as grandes decisões da sua vida.
Guarda e Casa Episcopal, 5 de Novembro de 2010
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda
Em carta recentemente dirigida aos seminaristas de todo o mundo, o Papa Bento XVI contava a seguinte experiência pessoal. Em Dezembro de 1944 foi chamado para o serviço militar, na Alemanha, quando a II Guerra Mundial se encaminhava para o seu termo. O Comandante da sua Companhia resolveu perguntar aos que foram chamados para esta incorporação o que pretendiam fazer no futuro. Joseph Ratzinger disse que queria ser sacerdote católico. Resposta pronta do chefe militar: tens de procurar outra coisa qualquer, pois na Nova Alemanha já não há necessidade de padres.
A profecia não se cumpriu.
Esta “Nova Alemanha” duraria apenas mais uns escassos meses e a necessidade do Sacerdócio Católico, num mundo e numa Europa que se desejam novos, está, de facto, a crescer.
Isto acontece, apesar da tentativa constantemente renovada de prescindir dos valores que a Igreja e o Sacerdócio Católico se propõem apresentar e que são decisivos para a autêntica humanização da nossa sociedade. De facto, são muitos os que continuam a pensar e a dizer e até mesmo a propor modelos educativos que marginalizam a Igreja e com ela os valores que ela não desiste de viver e colocar no palco da vida social.
Para cumprir esta sua missão a Igreja precisa de padres.
Os padres são aqueles a quem Deus confia a primeira responsabilidade pela organização da vida da Igreja e das suas distintas comunidades de Fé. Mas mais do que organizadores e gestores, os padres são chamados a viver e a testemunhar a verdade que Deus quer dar a conhecer aos homens e o amor sem restrição que lhes dedica.
Ora, os modelos culturais e as propostas de vida que hoje são dominantes no nosso mundo nem sempre ajudam os nossos jovens a despertar para a beleza e a importância decisiva deste serviço à Igreja e por ela à sociedade enquanto tal. Uma cultura essencialmente marcada pela cedência ao materialismo e ao pragmatismo; uma cultura mais voltada para o sentimento, o estímulo da sensibilidade e a valorização do efémero do que para os valores perenes não ajuda a que as camadas mais jovens se concentrem no que é essencial e nos valores humanos de sempre. Mais ainda, quando se quer fazer passar a mensagem de que o centro e o critério único de todas as decisões estão só no indivíduo e na satisfação dos seus interesses e ele é que é a única medida das decisões que deve tomar, entra-se por caminhos de relativismo que não ajudam a construir personalidades fortes capazes de sacrificar tudo por ideais superiores.
É por isso que hoje a pastoral vocacional e sobretudo a proposta do caminho do Sacerdócio Ministerial às camadas jovens exige o apontar de modelos de vida que temos de considerar uma autêntica contra-cultura.
Não queremos nem podemos esquecer que os jovens aos quais dirigimos o convite para entrarem no Seminário e futuramente no exercício do Ministério Sacerdotal são jovens deste tempo em que vivemos, sujeitos às mesmas solicitações dos outros jovens e também com muitas debilidades e tentações comuns aos outros.
Mais ainda, ao ser-lhes proposto o caminho do Sacerdócio Ministerial também não lhes podemos apresentar só bons exemplos da parte daqueles que já somos sacerdotes ordenados. Há limitações e mesmo erros efectivamente cometidos por nós que já estamos no exercício do Ministério Sacerdotal, que não escondemos àqueles que se propõem seguir o mesmo caminho de serviço à Igreja e por ela à comunidade humana em geral.
A própria Igreja considera-se a si mesma, ao mesmo tempo, santa e pecadora, desde os tempos mais primitivos da sua existência.
É neste quadro da vida da Igreja e da nossa sociedade actual que, ao vivermos mais uma Semana dos Seminários em Portugal, desejamos dizer aos jovens da nossa sociedade que este é um caminho que vale a pena ser percorrido e, por isso, é bom que ele seja colocado entre as hipóteses de escolha àqueles que se encontram agora na fase de tomar as grandes decisões da sua vida.
Guarda e Casa Episcopal, 5 de Novembro de 2010
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda
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