"Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo"
1. Hoje celebramos a festa do Papa - o primeiro da história da Igreja - que começou a sua vida como pescador no Mar da Galileia! As escolhas e decisões de Deus não respeitam e ainda bem a lógica e os critérios dos homens!
Interpelado por Jesus, que promete fazer dele pescador de homens, Simão decide deixar tudo para O seguir. Ele ainda não sabe que Jesus é "o Messias, o Filho de Deus vivo" e também não entende o que significa ser pescador de homens. No entanto pressentindo nele algo de muito especial, Simão aceita o desafio que lhe é dirigido por Jesus, dispondo-se a começar com Ele uma vida nova. Simão rompe com aquele que é o seu passado e desfaz-se das suas certezas e seguranças humanas, confiando a Jesus o seu presente e o seu futuro.
Simão passa a andar com Jesus, acompanha-O nas suas deslocações pela Palestina, testemunha a sua vida, o modo como se relaciona com as pessoas e as obras que realiza; escuta a Sua Palavra, quer quando prega às multidões quer quando se dirige mais privadamente aos apóstolos. Deste modo, Ele vai entrando na intimidade de Jesus e, nessa mesma medida, vai dando conta que Jesus se distingue radicalmente dos outros mestres do seu tempo. O seu ensinamento é de facto portador de algo divino. As palavras da sua boca soam como palavras do próprio Deus.
Simão passa a andar com Jesus, acompanha-O nas suas deslocações pela Palestina, testemunha a sua vida, o modo como se relaciona com as pessoas e as obras que realiza; escuta a Sua Palavra, quer quando prega às multidões quer quando se dirige mais privadamente aos apóstolos. Deste modo, Ele vai entrando na intimidade de Jesus e, nessa mesma medida, vai dando conta que Jesus se distingue radicalmente dos outros mestres do seu tempo. O seu ensinamento é de facto portador de algo divino. As palavras da sua boca soam como palavras do próprio Deus.
Por isso mesmo, Ele confessará, no contexto do discurso sobre o pão vivo descido do Céu: "Tu tens palavras de vida eterna" (Jo 6, 68). No momento em que muitos discípulos abandonam Jesus, por considerarem duras e insuportáveis as suas palavras, Simão decide-se a permanecer com Ele. Simão acredita que Jesus é o Pão vivo descido do Céu, o único que garante ao homem a ressurreição e a vida eterna.
2. Mais tarde, quando questionados por Jesus sobre a sua verdadeira identidade, Simão responde em nome dos apóstolos: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo". Simão acertou m cheio. A resposta não podia ser ais perfeita. De facto, Jesus é o Messias que liberta, é o filho de Deus que salva os homens.
Porém, para que Simão não se iluda e não se encha de orgulho, Jesus adverte-o que a exactidão da sua resposta se deve, não às suas capacidades humanas, mas a uma graça especial de Deus. Só com a ajuda do Pai celeste, o homem pode conhecer e acreditar em Jesus como "o Messias, o Filho de Deus vivo".
Nesta ocasião, Jesus, mudando o nome de Simão para Pedro, anuncia-lhe a sua futura missão: Ele irá desempenhar um papel fundamental na construção da Igreja de Cristo.
Após a sua ressurreição, Jesus volta a examinar Pedro. Agora, repetindo por três vezes a mesma pergunta, Jesus quer testar até que ponto Pedro O ama. Examina-o sobre o amor, porque só quem a alcança o verdadeiro conhecimento.
Pedro, embora se sinta incomodado e triste com a insistência de Jesus, afirma, sem qualquer hesitação interior: "Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo". A pergunta parece-lhe desnecessária, quase uma provocação. Se Jesus sabe tudo, certamente sabe que ele o ama e o ama muito.
Jesus - Ele que sabe tudo, que conhece o mais íntimo do coração do homem - não questionou a autenticidade da resposta de Pedro. Sabe que as palavras de Pedro correspondem ao que sente o mais íntimo do seu coração. Precisamente porque sabe que Pedro o ama e o ama assim tão intensamente, Jesus pode confiar plenamente nele. Por isso mesmo, Ele confia-lhe a sua Igreja. Pedro, deve continuar na Terra a missão de Jesus: a missão de congregar, apascentar, conduzir e confirmar todos os irmãos na fé.
3. Pedro é o primeiro Papa da Igreja. É um Papa muito diferente do que nós sabemos ou imaginamos de um Papa. É um Papa qe ão tem estado para governar nem bens para administrar; é um Papa sem poder nem riqueza, não vive em palácios nem ostenta vestes esplendorosas, não ceita títulos honoríficos nem outros privilégios humanos; não sabe teologia e desconhece o direito canónico, não faz discursos complicados nem promulga leis que compliquem a vida dos fiéis.
A sua única riqueza - a riqueza que Ele sente como seu dever parilhar com os homens - é Jesus Cristo, o Messias, o Filho de Deus. Ele compreendeu a partir do exemplo do Mestre, que a grandeza do homem não está em ser servido pelos homens, mas em servir os homens por amor de Deus.
Por isso, estou persuadido que Pedro nunca teve a noção de ser Papa, muito menos Santo Padre ou Sua Santidade, menos ainda Romano Pontífice. Ao ver la do Céu como são e querem ser tratados os seus sucessores, não devem deixar de encontrar graça e, ao mesmo tempo, sentir pena.
Ele teve plena consciência de que agia em nome de Cristo e de que, além disso, devia agir e viver como Ele. Por outras palavras, não só tinha consciência de que possuía o mesmo poder de Jesus, pois Jesus confiara-lhe a sua missão, mas que o devia exercer com o mesmo espírito de serviço, de desprendimento e de humildade, com a mesma dedicação e o mesmo amor.
É isto que se espera de Pedro, do Pedro de cada tempo da história da Igreja, quer ele se chame Pedro, Paulo, João ou Bento.
A fidelidade a Jesus passa necessariamente pela imitação da sua vida, pela identificação com Ele e não apenas pela transmissão de ensinamentos. De resto, se falta a fidelidade na imitação da sua vida, é muito difícil ser fiel no anúncio do seu Evangelho.
É dever de todos nós rezar por Pedro - o Pedro dos nossos dias é Bento XVI - para que Ele seja fiel a Jesus Cristo, à verdade da sua vida e do seu Evangelho; para que assuma a Palavra de Deus como único programa da vida e acção da Igreja; para que Ele confesse com a sua vida que Jesus é o Messias e o Filho de Deus vivo; para que, desse modo Ele fortaleça a nossa fé, construa a unidade da Igreja e faça crescer o Reino de Deus no nosso Mundo.
Homilia - Pe Hugo Martins
Santuário de Fátima, 29 de Junho de 2010
Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo
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