quarta-feira, 21 de abril de 2010

Papa em Fátima - Tudo a postos

A visita que Bento XVI irá fazer ao nosso país tem como principal motivo a deslocação a Fátima. Apesar da importância das celebrações em Lisboa e no Porto terão, ou do que se pode esperar dos encontros com a cultura, os religiosos ou os agentes da pastoral social, são o 13 de Maio, o centenário da beata Jacinta e a Capelinha das Aparições os motivos principais que trazem Bento XVI a Portugal, percorrendo o mesmo caminho já realizado por Paulo VI e João Paulo II, este último por três vezes. «O Santuário de Fátima vê com muitos bons olhos que o Papa, responsável máximo da Igreja, decida vir visitar este lugar. Nós sabemos que Fátima já teve a graça da visita de Paulo VI e de João Paulo II, este por três vezes, deixa-nos muitíssimos felizes que o Papa Bento XVI tenha este desejo de vir também a Fátima», declara o Pe. Virgílio Antunes, reitor do Santuário de Fátima, que em entrevista exclusiva à "Família Cristã" falou do significado especial desta vinda para o Santuário.
Para o reitor, o centenário da beata Jacinta coincidir com a visita de Bento XVI é uma feliz coincidência. «Não sei se o Papa terá vindo propositadamente, ou se não foi apenas uma feliz coincidência que decidisse vir nesta ocasião. Também celebramos os dez anos de beatificação dos pastorinhos, mas é curioso que o Papa venha no aniversário da Jacinta, aquela que, de entre os três, mais admiração tinha pelo "homem vestido de branco" que, em algumas visões, lhe aparecia sentado numa igreja com as mãos nos olhos, a chorar. Foi por esta figura, que Jacinta nem conhecia mas amava por saber que era o responsável pela Igreja, que ela ofereceu muitos dos seus sacrifícios», refere.


O Pe Virgílio acrescenta que este exemplo de entrega e dedicação devia ser seguido por todos. «Não interessa a pessoa que temos à frente da nossa Igreja, interessa que a apoiemos sempre, que soframos e nos alegramos por ela», defende. Apesar da feliz coincidência, Bento XVI não tem nenhum encontro previsto com crianças ou jovens, mas o reitor do santuário acredita que, ainda assim, elas «estarão presentes em muitos dos momentos de Bento XVI no nosso país».

Fátima está, então, preparada para receber todos os peregrinos que se resolvam deslocar nos dias 12 e 13 de Maio ao santuário para rezarem com o Papa, até porque lida com a realidade de os receber todos os anos. «É evidente que o Santuário de Fátima tem um conjunto de condições criadas diferentes dos outros locais, e estamos habituados a receber multidões mesmo a nível do pessoal do santuário. Mas a vinda do Papa traz algumas mudanças, sobretudo no que tem que ver com as questões de segurança, e que trazem alterações muitíssimo grandes, e que não dependem do santuário, mas sim da Santa Sé, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, do Governo, etc. Está a haver uma colaboração muitíssima boa de todas as partes, mas teremos com certeza muitas mudanças que serão precisas fazer, nomeadamente no que diz respeito ao acesso das pessoas a certas zonas que serão apenas para os convidados dos encontros que irão acontecer», explica o Pe. Virgílio.

Além das questões de segurança, pouco mais haverá a alterar no esquema habitual de todos os anos, já que o santuário não tem noção de quantos peregrinos poderão vir e de que forma. «O recinto alberga cerca de 400 mil pessoas, mas muitas mais poderão ficar nas ruas adjacentes, por isso não sabemos quantos peregrinos poderemos receber», salienta, afirmando que a cada 13 de Maio o santuário recebe cerca de «25 mil peregrinos a pé», que são recebidos e tratados por pessoal voluntário em Fátima, e que apenas a esses é garantida a dormida. «O santuário não tem capacidade de alojar mais ninguém além dos peregrinos a pé, das pessoas do séquito papal, dos vaticanistas [jornalistas que acompanham o Papa nas suas viagens] e do pessoal do santuário. Temos um dispositivo para receber os peregrinos a pé, para lhes dar uma refeição e um local para dormir, em camaratas ou em colchões em centros ou pavilhões das congregações que são requisitadas para o efeito, além das tendas militares que são alugadas e que permitirão albergar centenas ou milhares de pessoas também», diz.

Serão cerca de mil pessoas, entre funcionário do santuário e voluntários da Cruz Vermelha, dos escuteiros, Ordem de Malta e enfermeiros e médicos católicos, entre outros, que irão prestar todo o apoio aos peregrinos que vierem em peregrinação. A esses, o reitor do santuário pede cuidado extra nas estradas e paciência na chegada. «Felizmente as pessoas hoje estão muito mais informadas sobre tudo, e já fazem caminhadas com coletes, que são muito importantes e têm filas únicas. Ao chegarem cá, apenas têm de manter a ordem e ser pacientes, pois todas serão atendidas e tratadas», garante quem já está habituado ao rebuliço das peregrinações ao santuário mariano mais visitado em Portugal.


in Revista Família Cristã

Abril 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vigília Pascal

Cristo Ressuscitou! Aleluia! Aleluia.
É este o cântico de alegria da Vigília Pascal e do Domingo de Páscoa, como também de todo o Tempo Pascal até ao Pentecostes.
Nele ressoa a mensagem surpreendente dos dois anjos vestidos em trages resplandecentes que dizem às mulheres: “Porque buscais entre os Aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou”.
A Vigília Pascal é a celebração mais importante de todo o nosso ano. Para ela nos preparámos ao logo dos 40 dias da Quaresma, por uma renovação mais intensa da nossa vida de baptizados; ela é, na verdade, uma autêntica explosão de luz, que vai iluminar a nossa vida não só durante o tempo pascal que agora se inicia e se prolonga até ao Pentecostes, mas também nas restantes partes do ano em que, sobretudo a partir do domingo e da Eucaristia Dominical, pretende¬mos que toda a nossa vida seja iluminada e ganhe novo sentido pela luz da Ressurreição de Cristo.

Toda a Liturgia hoje nos convoca para mergulharmos nas raízes mais fundas da nossa história de Fé e da nossa identidade cristã. Assim, pela Palavra de Deus, hoje mais abundantemente proclama¬da e meditada, contemplamos a história do amor de Deus em diálogo com os homens desde a criação, passando pela aliança com Abraão, Moisés e os Profetas, até à Ressurreição de Cristo, que inaugura uma humanidade nova, na qual nós já entrámos pelo Baptismo.
O acontecimento do Êxodo é um das mais importantes marcos desta história de salvação, como o Baptismo constitui também o mais importante marco da história pessoal da nossa Fé. Nele, como lembra hoje S. Paulo aos Romanos, nós morremos para tudo o que é velho, isto é, para tudo o que nos afasta de Deus, da comunhão com Ele e com os irmãos e ressuscitámos com Cristo para a vida nova de filhos de Deus. E é esse hoje o nosso estatuto. Estatuto que temos de todos os dias aplicar mais e melhor às nossas decisões e comportamentos. Quando, dentro de momentos, renovarmos as promessas do nosso Baptismo, queremos refazer o propósito de acelerar e aprofundar a nossa identificação com Cristo, exigência do Baptismo que, um dia, recebemos. A Eucaristia com que terminaremos esta Vigília Pascal vai ser o momento culminante do nosso encontro com Cristo Ressuscitado e da alegria que Ele em nós realiza.

Celebramos a Páscoa quando falta pouco mais de um mês para recebermos, em Portugal, a visita do Santo Padre Bento XVI. Ele vem, como já está divulgado, para nos ajudar a caminhar na esperança, reforçando a nossa identidade cristã e também o mandato para a missão recebido do próprio Cristo. É isso que nos diz o lema escolhido para divulgar esta visita papal – “Contigo caminhamos na esperança: sabedoria e missão”.
Desejamos desde já iniciar a nossa preparação para este encontro de graça com Aquele que é o Pastor da Igreja Universal, a cabeça do Colégio Episcopal e o Vigário de Cristo na terra.
Ele vem convocar-nos para reavivarmos a nossa Fé, sobretudo através do encontro mais forte e mais consciente com a Palavra de Deus. Vem para ajudar a dinamizar a nossa esperança e a revigorar a nossa caridade.
A nossa esperança cristã ficará mais fortalecida e dinamizada, na medida em que formos capazes de relançar a vida de Fé das nossas comunidades cristãs e também contribuirmos para abrir caminhos novos na superação das muitas dificuldades e crises que a nossa sociedade atravessa. Sentimos também que a nossa caridade, incluindo o que chamamos caridade organizada e que é responsabilidade inadiável de cada comunidade cristã, precisa de ser relançada. Precisamos de responder, com mais eficácia ainda, aos inúmeros dramas da nossa sociedade, particularmente às novas formas de pobreza, que não cessam de se multiplicar. Para isso temos de cuidar as iniciativas de solidariedade e acção social que já existem e criar outras, quando necessário.
Estas são algumas das razões que nos levam a esperar da visita do Santo Padre novos incentivos para levarmos a cada uma das nossas comunidades de Fé a chama e o dinamismo da vida nova em Cristo Ressuscitado. Pela parte que nos toca, desejamos que ela nos ajude a elaborar um programa de acção pastoral aplicável a todas e cada uma das nossas comunidades de Fé; um programa por onde venha a passar o fortalecimento da vida nova em Cristo Ressuscitado, mas também a resposta de Fé às alterações culturais e civilizacionais em que hoje vivemos. Encontro com Cristo Ressuscitado através da sua Palavra e caminhos de resposta, com a luz da Fé, aos grandes problemas que hoje se colocam às pessoas que vivem em sociedade têm de ser as duas grandes linhas de força deste programa.
Cuidar os diferentes ministérios da vida das nossas comunidades cristãs terá de ser outra grande preocupação. E aqui sentimos haver caminho para optimizar ainda mais a colaboração entre os nossos sacerdotes, os nossos diáconos e outros ministérios que, graças a Deus, em elevado número já temos espalhados pelas diferentes comunidades da nossa Diocese. Mas sentimos que temos de criar outros ministérios laicais para responder a novas necessidades, principalmente as sentidas por comunidades que desejam empenhar-se, de verdade, em viver da Palavra de Deus para crescimento na Fé e serviço à sociedade.
Para sermos cada vez mais fiéis aos dinamismos da Vida Nova saídos da Pessoa de Cristo Ressuscitado, precisamos também de cuidar as estruturas de participação na vida das nossas comunidades. Precisamos de utilizar melhor aquelas que já temos ou nos são recomendadas e porventura criar outras. O que está em causa é criar todas as condições para que a vida nova de Cristo Ressuscitado se torne vida de cada um dos baptizados; possa marcar o ritmo da vida de cada uma das nossas comunidades cristãs, como de toda a nossa Diocese. E tudo isto para que o mundo creia.

Desejo que esta Noite Pascal seja para todos nós, nossas famílias e amigos, como também para todas as nossas comunidades cristãs vivida na alegria da Vida Nova de Cristo Ressuscitado. E que esta alegria seja cada vez mais visível na nossa vida pessoal e comunitária e assim o mundo possa ter um sinal credível do amor de Deus singularmente revelado na Ressurreição de Cristo, que hoje alegre¬mente cantamos.
Aleluia! Cristo Ressuscitou.
Boas Festas.
+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda

sábado, 3 de abril de 2010

PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR




LEITURA I Actos 10, 34a.37-43
«Comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos»

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Pedro tomou a palavra e disse:
«Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia,
a começar pela Galileia,
depois do baptismo que João pregou:
Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré,
que passou fazendo o bem
e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio,
porque Deus estava com Ele.
Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez
no país dos judeus e em Jerusalém;
e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz.
Deus ressuscitou-O ao terceiro dia
e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo,
mas às testemunhas de antemão designadas por Deus,
a nós que comemos e bebemos com Ele,
depois de ter ressuscitado dos mortos.
É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho:
quem acredita n’Ele
recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 117, 1-2.16ab-17.22-23
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.
Ou: Aleluia.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.


LEITURA II Col 3, 1-4
«Aspirai às coisas do alto, onde está Cristo»

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo,
aspirai às coisas do alto,
onde está Cristo, sentado à direita de Deus.
Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes
e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar,
também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.
Palavra do Senhor.


Ou 1 Cor 5, 6b-8
«Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa?
Purificai-vos do velho fermento,
para serdes uma nova massa,
visto que sois pães ázimos.
Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado.
Celebremos a festa,
não com fermento velho nem com fermento de malícia,
mas com os pães ázimos da pureza e da verdade.
Palavra do Senhor.


SEQUÊNCIA
À Vítima pascal
ofereçam os cristãos
sacrifícios de louvor.
O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
reconciliou com o Pai os pecadores.
A morte e a vida
travaram um admirável combate:
Depois de morto,
vive e reina o Autor da vida.
Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?
Vi o sepulcro de Cristo vivo
e a glória do Ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
vi o sudário e a mortalha.
Ressuscitou Cristo, minha esperança:
precederá os seus discípulos na Galileia.
Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
tende piedade de nós.


ALELUIA 1 Cor 5, 7b-8a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado:
celebremos a festa do Senhor. Refrão


EVANGELHO Jo 20, 1-9

«Ele tinha de ressuscitar dos mortos»

@ Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Palavra da salvação.